Pequenas coisas - Parte 3

Continuando esta série volto ao tema do mobiliário com um quarto para um menino que precisava de espaço para estudar e para arrumar os muitos livros e brinquedos.

A solução foi uma ampla base de trabalho, que ocupa toda uma parede, complementada por uma estante e algumas prateleiras soltas que dinamizam a composição e oferecem espaço adicional. A estes juntou-se ainda um gaveteiro e uma cama, para completar o conjunto.

Um dos desafios era conciliar o desenho com a evolução do "cliente", ou seja, fazer um quarto que ele gostasse de usar com 8 e também com 18 anos. Tinha de ser dinâmico e alegre, mas não infantil.

Como era muito importante ter certeza que ele gostava do quarto antes de o realizar, optou-se por fazer imagens com bastante realismo, que ficaram bastante semelhantes ao resultado final (um motivo de grande satisfação, pois foram integralmente feitas por mim, ao contrário de projectos maiores onde muitas vezes é necessário contratar alguém especializado nessa área).

Foi uma grande alegria ver que ele gostou muito do quarto, que se tornou um espaço intensamente utilizado, seja para brincar ou estudar.

A seguir vistas do mobiliário pronto, acompanhadas de imagens prévias a partir de pontos de vista semelhantes.

Pequenas coisas - Parte 2

Móveis são uma das pequenas coisas que maior satisfação me dão ao projectar.

A simplicidade do processo permite que o resultado final seja muito próximo do concebido, e permite conciliar rigor, criatividade e custo com maior facilidade.

Este exemplo faz parte da remodelação (interior) de uma moradia. Os clientes tem muitos livros, e no quarto o único local disponível é o espaço sob a janela. Isto implicou o desenho de um móvel bastante baixo, com as medidas exactas para livros pequenos e médios.

Tinha de ser uma peça muito simples, para não entrar em conflito com outros elementos de forte personalidade, como a colcha e os numerosos quadros que fazem parte da decoração.

As duas peças de apoio, ligeiramente inclinadas para dentro e pintadas de preto, misturam-se com os livros enquanto colaboram na sua organização (e a sua posição define rectângulos em proporção dourada...  algo que uso sempre que posso).

No átrio dos quartos desta casa surge ainda uma pequena prateleira (que os clientes resolveram, para minha alegria, dedicar à poesia) onde, para além da "limpeza" visual, tentou-se resolver de outra forma o habitual problema de manter os livros na vertical.

Todos estes móveis são realizados em MDF lacado em branco pérola e negro, e tive a sorte de encontrar alguém tão perfeccionista como eu para os executar, pois a simplicidade tornaria mais evidentes quaisquer falhas de acabamento.

Em breve espero mostrar mais pequenas (e grandes) coisas.

Barcelona, 1994

Encontrei esta foto, com cerca de 20 anos (parece-me que foi ontem...).
O pavilhão alemão para a exposição internacional de Barcelona (1929), de Mies van der Rohe, onde foi tirada (já não me recordo por quem) é uma das muitas boas recordações de uma cidade cheia de grandes obras.